
Intolerância contra liberação sexual, adivinha quem ganhou?
Até eu que não vi um episódio do programa, percebi que esses dois personagens eram os dois principais protagonistas da série, afinal, eles apareciam diariamente nas capas dos principais jornais do país. Enquanto Dourado dizia ser macho até na unha do pé, que daria porrada em uma participante se encontrasse ela na rua; Dicesar, Sérgio e Angélica caiam em discussões intermináveis sobre o movimento gay e os direitos dos homossexuais. Em determinado momento teve até beijo gay, coisa que a Rede Bobo não permitia nem na novela das oito, sua principal atração.
Com este palco armado, rolou muita baixaria, mas também houve a possibilidade para uma antiga discussão: será que a sociedade está realmente pronta para aceitar os homossexuais? Bem, a vitória de ontem do Dourado meio que responde essa pergunta. De frente, todo mundo acha bonito esse lance de liberdade de opção sexual, mas no fundo (sem trocadilhos), ainda há aquele preconceito do tipo "legal, o cara assumiu que é gay, mas se fosse meu filho, eu expulsava de casa". Resumindo: hipocrisia.
Mas peraí, não teve um BBB que ganhou um gay, com forte apoio do movimento GLBT? Sim, mas naquele caso não havia um oponente tão forte contra ele, pois se tivesse, nem o movimento do orgulho gay seria capaz de fazê-lo ganhar (lembrem-se que os homossexuais ainda são minoria, ok?).
Minoria ou não, os homossexuais precisam ser respeitados, afinal estamos todos aqui apenas vivendo nossas vidas, que cada um seja feliz como bem entender. Se bem que entendo por que pessoas como o Dourado não conseguem aceitar as diferenças, esses preconceitos estão nas raízes da sociedade moderna. Porém, nem sempre foi assim, na Antiguidade, o homossexualismo era visto com bons olhos, já que apenas homens ricos desfrutavam da companhia de um belo rapaz. No tempo das orgias romanas, gostar de pessoas do mesmo sexo era sinônimo de liberação e bom gosto. Hoje em dia, tratamos os gays como se fossem estrangeiros, pessoas que apenas aparecem na sociedade, sem muita explicação plausível. É como disse no início do texto, parece que isso só acontece na família dos outros, então beleza, mas quando a situação é em nosso próprio lar, o buraco fica mais embaixo (sem trocadilhos).
Se a sociedade ainda possui esse preconceito hipócrita, será que há uma solução para o fim da intolerância? Eu espero que sim, após muita luta as mulheres conseguiram se igualar aos homens, então um dia os homossexuais também conseguirão ser respeitados, mas isso leva tempo, muito tempo. Se depender de mim, eu não levanto bandeira pra nenhum movimento, nem contra, nem a favor, mas com certeza apóio a liberdade de opção sexual. Se um dia meu filho se declarar gay? Bem, isso é outra história....
Um comentário:
Muito bom, apesar de preferir comentar sobre o cardápio do domingo de Páscoa, do que se "o buraco fica no lugar certo ou errado". Sem trocadilhos. Bom, quanto à última frase, a "outra história" é a que, se ocorrer a declaração, o sentimento paterno é muito maior do que o preconceito enraizado em todos nós. O instinto de preservação da espécie equipa o pai ou a mãe de armas indestrutíveis para defender seu rebento contra a turba enfurecida que fatalmente surgirá no caminho do pobre assunido.
Bem, o que teremos de almoço no domingo?
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